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terça-feira, julho 11, 2006

11 de Julho [e eu queria que fosse assim...]

Ele levou dias e dias para esquecer. Traçou linhas e metas para um futuro. Não sabia direito o caminho que queria seguir, mas esboçou no papel tudo o que achava fundamental na sua vida. A partir daí, decidiu que iria cruzar à direita. Ficou sem saber como seria se seguisse em frente. Já não estava mais na encruzilhada, já tinha sim um destino. Não tinha ainda a certeza do querer ou do não querer, mas assim foi... e tentou... e seguiu.

E num banco qualquer, na beira da estrada, um cachorro velho, magro, cheio de marcas que denunciavam a falta de alguém que dele cuidasse, que o protegesse na chuva, do frio, da solidão. Nos seus olhos, um pedido de carinho, de atenção. Baixou a cabeça e pôs entre as patas, como se até a esperança já tivesse ido embora. Parado, desceu ao chão. Como o cachorro velho, pôs a cabeça entre os joelhos, como quem já nada mais espera. Ficou assim por longos segundos, poucos e eternos. Levantou os olhos uma vez, viu apenas paisagem. Estava só. Uma lágrima que teimava em escapar, finalmente escorreu pelo rosto. E aquele rosto sempre tão sério, tão duro, de repente abriu-se para mostrar uma sensibilidade ainda desconhecida. Ele, tão desconsertado ao ver que alguém o alhava, refez o seu rosto. Nem mesmo aquele velho cachorro de rua poderia ver o seu pranto. Mais uma vez, o olhar precipitado. Acima um céu que perdia o seu azul; abaixo um homem desiludido, desacreditado na vida e nas pessoas; ao lado um cão, pobre ser que nada entendia daquilo tudo, mas tinha nas suas feições todo o sentimento que Ele fingia não ter.

Percebeu que o caminho que traçara não era o desejado. Viu que o sol se punha todos os dias apenas para que lhe doesse mais a solidão. Do outro lado do caminho, uma pessoa. Resolveu voltar. Pegar o caminho oposto, seguir reto na encruzilhada. Quis encontrar o Sorriso que tanto o fazia bem. E assim o fez.

Voltou, olhou para os lados. Ainda tinha dúvidas, mas quis seguir adiante. Tentou retomar o caminho. E conseguiu. Encontrou o Sorriso, mas já não era mais o mesmo. Tinha perdido parte de sua alegria, tinha medo de se mostrar por completo. Sorriso desconfiado, quase que também desacreditado nEle e na vida. Uniram-se, Ele e o Sorriso. Seguiram adiante de mãos dadas. Prometeram não mais se soltar.

Mas ainda havia dúvidas, muitas. E essas parecem não se acabar nunca. Contudo, agora não pensa mais em mudar de caminho. Não sozinho. Com todos os tropeços, todos os fins e os meios, sente-se forte como talvez aquele cachorro tenha se sentido algum dia. Forte por não estar só, tem agora alguém ao seu lado. Tem de volta o seu Sorriso.

2 comentários:

Anônimo disse...

q texto massa, gabi.. ;)

Anônimo disse...

Só um coração meigo e lindo poderia expressar algo tão lindo, tão maravilhoso e tão simples.
Gabi... Parabéns pelo texto!!

Saudades de tu minha amiga!
Te adoro!
Beijo de seu eterno amigo Ronald!!!