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domingo, novembro 20, 2005

Lendo Drummond...

Esta noite estava lendo Drummond, como há muito não lia. Digo isso, não que faça muito tempo que não o leio, visto que sou estudante de letras, fascinada por poesias, crônicas, contos e afins. Digo isso, porque hoje consegui lê-lo sem os olhos críticos de quem estudou um pouco sobre literatura, quem entende alguma coisa do moderno e do pós-moderno, que está sempre apontando características, buscando particularidades e definições. Li com o olhar simples de quem quer apenas sentir, apreciar, degustar os seus sublimes versos.
“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim."

Encantei-me ao perceber que ainda me resta algum sentimento. Apesar de todas as dificuldades recorrentes do dia-a-dia, ainda assim sobrou-me, ao menos, o mínimo de sensibilidade. Ainda consigo me emocionar, ainda consigo sorrir ao ler que “João amava Teresa que amava Raimundo/ que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili/ que não amava ninguém.”

Lembrei da primeira vez que li esse poema. Achei engraçado, lia rápido, sem parar para respirar. Graças ao bendito “conhecimento literário”, aprendi que poesia se lê de outra forma, e já me adaptei a essa nova maneira, dita correta, de tal modo que perdi a espontaneidade da minha leitura infantil.

Passei para outra poesia, “Teus ombros suportam o mundo/ e ele não pesa mais que a mão de uma criança”. Eis que estou novamente emocionada. Que tempo é esse em que vivemos? Essa poesia reflete profundamente tudo o que tem sido a nossa vida, tudo o que tentamos esconder de nós mesmos, toda essa individualidade, essa solidão... “Tempo em que não se diz mais: meu amor./ Porque o amor resultou inútil./ E os olhos não choram./ E as mãos tecem apenas o rude trabalho./ E o coração está seco.”
... e os meus olhos estão cheios d’água...

Estou infinitamente livre, sem a obrigação de traçar a semiótica do texto e o percurso gerativo do personagem. Para que tanta complexidade? Para que a preocupação com explicações que não têm nada de belo? Não há sentido... perde-se o sabor, o prazer da leitura descompromissada e simples. Agora sim, sinto que estou verdadeiramente feliz, podendo saborear cada palavra, cada verso, cada sentimento...
“Mas as coisas findas
Muito mais que lindas
Essas ficarão.”

Obrigada, Sr. Carlos, por me proporcionar tamanha alegria e este momento tão singelo e, ao mesmo tempo, tão sublime.

Boa noite.

Ana Gabriela Braga .

4 comentários:

Anônimo disse...

ô prima.. num é nada contra tu naum, mas agora eu to morrendo de preguiçaaaaaaaaaa, e, por consequência, morrendo de preguiça de ler esse texto gigantesco ae que tu escreveu...
mas prometo que amanha volto com mais saco e posto um comentario mais decente, ok?

uheuehuee

bjos

Bruno Souza disse...

preciso ler mais Drumond... :P

Anônimo disse...

Gabi, depois do dia q tive, nada mais gratificante q ver, mas q isso, sentir as suas palavras , não de "estudante de Letras", mas de "aprendiz da vida" sobre Drummond. O primeiro poema q fala da ausência é o meu preferido, desde q tbm estudava letras. Bj grande. Telma.

Anônimo disse...

amo tuuu!!!!