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quinta-feira, abril 19, 2007

História da Mulher que não conhecia o 'meio-termo' - Parte 1

Ela não sabe ser o meio termo, é exagerada por natureza. Simpatia para ela é amor. Amizade é à primeira vista e infinita. Antipatia e ódio estão equiparados. E dessa forma enche o coração de sentimentos controversos tão intensos que não consegue explicar.
Com ela não existe um acordo, um meio do caminho, ou é ou não é; ou tudo ou nada. Sempre foi assim e não há pretenção alguma de mudar, até porque desconhece essa sua característica tão peculiar. E 'ai de quem ousar criticá-la usando esse argumento. Ela não sabe que é assim. Também seria querer demais que ela por si só viesse a descobrir-se tão radical. Para ela, descobrir um erro, por menor que seja, é o suficiente para a achar que a vida inteira está errada. Por isso prefere não pensar nos erros. Acreditar-se sempre certa garante a comodidade de não olhar para trás, não pensar em refazer o impossível, o destino. Não pode ser culpada pelo exagero de sua personalidade, desde menina sempre sentiu assim, sempre agiu assim, o que também já lhe rendeu grandes decepções, sofrimentos, dúvidas. Não raro se enganava com pessoas e situações, mas como já falei, o erro para ela era inconcebível, e nessa mania de não querer errar - já que um erro acarretaria outros e vários erros implicam uma vida toda errada - prefere dizer-se refém das surpresas do destino. Seus argumentos, no entanto, beiram a incoerencia. Diz crer no livre arbítrio, mas acha que o destino está traçado e não há como fugir. Além do mais, todo mundo tem um caráter inato, bom ou mau - sempre ao extremo - que pode ser definido facilmente e jamais mudado, ao menos que o destino - e aí vem novamente todo o peso da palavra - interfira.
Toda a radicalidade da sua personalidade, entretanto, não deve ser vista como defeito, mas como marca de alguém forte, firme, de posicionamento concreto e que nunca, em hipótese alguma, se permite ficar em cima do muro, ainda que as conseqüências sejam negativas, ainda que a vida acabe por se mostrar contrária a quem não exita em se posicionar da maneira mais segura. Leia-se, posicionamento este que vale para todos os aspectos de sua vida: profissão, relacionamentos, situações sociais, o que seja. E é exatamente assim, no limite em todas as suas formas, que se apresenta a nossa heroína (ao falar em heroína, vale pedir que abstraia de todos os conceitos de herói até então conhecidos): sempre constante, mesmo variando entre os sentimentos extremos.

[continua...]

2 comentários:

Pedro disse...

Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito bom, Gabi! De onde veio essa isso?? Não sabia q vc escrevia assim!

Evana R. disse...

Mal comecei a ler, tive a ligeira impressão de que essa mulher que não conhecia o meio termo sou eu... Super me identifiquei, menina!